
O nível do Guaíba, em Porto Alegre, já superou nesta sexta-feira (3) a marca mais alta atingida em novembro de 2023, 3,46 m, e se aproxima de alcançar a máxima histórica, 4,75 m, atingida em 1941. Contudo, no momento, não há informações exatas sobre o nível das águas, uma vez que a estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá está com problemas e a leitura não está sendo feita. Além disso, pesquisadores do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/UFRGS) apontam que a cheia deve continuar aumentando nas próximas horas.
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Durante a manhã, a Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Infraestrutura (Sema), responsável pela medição no Cais Mauá, divulgou uma nota confirmando que a estação hidrometeorológica instalada no Cais Mauá apresentou problemas. “Os técnicos do Departamento de Recursos Hídricos e Saneamento estão, junto com a Defesa Civil, averiguando o nível “in loco”. A Sema trabalha para retomar o acesso e disponibilização dos dados o mais breve possível”, diz a nota.
A reportagem questionou a Sema no início da tarde se haveria previsão de retorno da medição e foi informada que, no momento, não há.
Também pela manhã, o IPH divulgou uma nota alertando que Porto Alegre está presenciando o desenvolvimento de um cenário crítico que se estenderá pelas próximas horas e dias. “É possível que a cheia iminente ultrapasse qualquer registro histórico, inclusive a cheia de 1941”, diz a nota.
Em conversa com o Sul21, o professor do IPH Rodrigo Paiva explica que o aumento do nível atual está confirmando as previsões feitas no dia de ontem, de que a cheia superaria os níveis registrados no ano passado.
“Agora, o valor exato da cota atual está em dúvida porque está havendo um problema na medição no Cais do Porto. A gente não tem certeza absoluta da cota atual”, diz. “As previsões, considerando vários cenários, já que a gente tem muitas incertezas nessas estimativas, muitos desse cenários apontam que o Guaíba pode seguir em elevação. Seguindo em elevação, pode superar a cota da cheia de 1941, que foi 4,75 m, pode até superar a cota de 5 m, que é uma cota bem elevada”, complementa.
Paiva destaca que, apesar de o sistema de proteção da cidade ser planejado para proteger até uma cota de 6 metros (altura do muro da Mauá e dos diques que se estendem desde a Freeway até a região do Barra Shopping Sul), a cidade já vem apresentando problemas, como o rompimento da comporta 14, na altura da Av. Sertório. O professor avalia que é necessário iniciar uma preparação para evacuação de regiões que podem vir a ser impactadas por níveis maiores de cheia.

“Isso causa uma certa preocupação, já que a cota do sistema de proteção é 6 metros, começa a ficar próximo. E essa elevação poderia acontecer ainda no dia de hoje, sexta-feira, e no sábado, então está sendo bem rápido. A nossa conclusão, considerando que os níveis avançam conforme os cenários pessimistas, seria interessante iniciar medidas de preparação para evacuação de regiões que seriam potencialmente afetadas em Porto Alegre no caso do sistema falhar em certos pontos. Seria adequado começar essa preparação logo”, afirma.
O professor pontua que, como os níveis de chuvas foram extremos e os rios que desaguam no Guaíba apresentaram marcas históricas, a tendência é que o nível da água continue subindo. “No rio Taquari foi maior do que as outras cheias. No Jacuí, lá perto de Dona Francisca, também foi extraordinário, em vários locais está se colocando como histórico. Todo esse volume da água demora para viajar pelo Jacuí e chegar aqui no Guaíba, em Porto Alegre. Então, mesmo que não chova, a gente ainda tá esperando esse aumento dos níveis do Guaíba. A gente chama de onda de cheia, ela vai se propagando”, diz.
No início da tarde, a Defesa Civil alertou que são esperadas pancadas de chuva de “altíssima severidade” até domingo em várias regiões do Rio Grande do Sul.
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