Cidades
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21 de março de 2020
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14:02

Em novo decreto, Prefeitura de Porto Alegre ordena fechamento do comércio, serviços, indústria e construção civil

Por
Luís Gomes
luisgomes@sul21.com.br
Ruas de Porto Alegre esvaziadas na sexta-feira (20). Grande parte do comércio encontra-se fechado devido ao coronavírus | Foto: Luiza Castro/Sul21

Da Redação*

A Prefeitura de Porto Alegre publicou um novo decreto na madrugada deste sábado determinando o fechamento do comércio, indústria, setor de serviços e construção civil, a fim de combater o coronavírus e a propagação da pandemia entre as pessoas, na madrugada deste sábado, 21. O funcionamento administrativo só poderá ser feito de forma remota. Pelo decreto, podem permanecer abertos apenas os comércios de farmácias e drogarias, serviços e comércio na área da saúde, mercados, hipermercados e supermercados, mercearias, açougues, peixarias, fruteiras e centros de abastecimento e distribuição de alimentos.

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No setor da construção civil, as ferragens e comércio de material de construção podem funcionar. Também ficam liberadas as indústrias alimentícias, inclusive animal; de higiene, limpeza, assepsia e de serviços de saúde; clínicas veterinárias, pet shops, postos de combustíveis e lubrificantes, distribuidoras de gás, lavanderias, hotéis e motéis, lojas de venda de água mineral e distribuidoras de serviços básicos e de telecomunicações e processamento de dados; transportadoras, salões de beleza, barbearias, óticas, entre outros.

Nos salões de beleza e barbearias, o atendimento tem de ser realizado com equipes reduzidas e restrição do número de clientes. Nos hotéis, as refeições deverão ser servidas nos quartos e não ficará proibida a circulação nas áreas comuns. Em caso de descumprimento, as penalidades vão de multa, interdição e a cassação do alvará. O prazo de validade é de 30 dias.

Outro decreto publicado no sábado proíbe o aumento injustificado de preços de qualquer serviço ou produto de saúde e higiene durante a situação de emergência ou calamidade pública. Quem descumprir as determinações, sofrerá as sanções administrativas, cíveis e penais.

Um terceiro decreto proíbe o funcionamento de padarias, restaurantes, bares e lancherias, exceto tele-entrega ou no sistema pegue e leve. Fica liberado o acesso de clientes para compras rápidas e retirada dos produtos sem formação de filas, mesmo que do lado de fora do estabelecimento. O desrespeito poderá levar ao fechamento do comércio.

Após a assinatura dos decretos, o prefeito Nelson Marchezan Júnior (PSDB) fez uma série de postagens em seu perfil no Twitter em que comentou as decisões.

“Publicamos mais alguns decretos. Restritivos. Muito restritivos. Nossa cidade não estava respondendo de forma segura. Precisamos nos isolar, parar, de forma mais rápida que o vírus se espalha. E hoje eu tive que pisar no freio com muita força. Me desculpem. Os estragos serão muito grandes. Insuportáveis para alguns. Mas não há no mundo NENHUMA outra recomendação para salvar mais vidas do que perderemos se isso não for feito. Tenham certeza da minha dor. Ela é de toda a equipe que está buscando uma saída boa. Não achamos outra saída. Vamos parar a economia de Porto Alegre, para que todos fiquem em casa. Comercio, serviços, Industria, lazer, etc. Espero que estejamos errando para mais, pois se errarmos para menos não teremos como corrigir esse erro”, escreveu o prefeito.

Até a sexta-feira, Porto Alegre já tinha confirmado 25 casos de coronavírus e 48 outros suspeitos. No entanto, o diretor-geral de Atenção Hospitalar e de Urgência da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), o médico intensivista João Marcelo Lopes Fonseca diz que, sem saber, muitas pessoas já podem estar infectadas e disseminando o vírus.

Ele afirma que as medidas para desacelerar a disseminação do coronavírus ampliam o tempo de preparo dos hospitais de Porto Alegre, que, junto com os polos de Santa Maria e Passo Fundo, receberão os pacientes mais severos do Rio Grande do Sul – cerca de 20% dos contaminados, segundo a OMS. Do total de doentes (casos leves e agudos), cerca de 5% precisarão de Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

“A pressão do Covid-19 deve se dar principalmente nos leitos de UTI adulto, dos quais Porto Alegre dispõem de 346 públicos e 264 privados. Os hospitais estão se preparando para não internar quem não precisa e suspendendo cirurgias eletivas gradualmente, abrindo espaço para receber os casos graves de coronavírus. Quando atingirmos 25 internados, vamos ativar os hospitais de retaguarda, que serão o Conceição e o Clínicas – este está recebendo R$ 57 milhões da União para disponibilizar mais 105 leitos à cidade”, diz.

Gráfico divulgado pela Prefeitura para alertar sobre a importância do distanciamento social | Foto: Divulgação

*Com informações da PMPA.


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