Opinião
|
27 de julho de 2023
|
09:06

Nota de repúdio contra a desfiguração do Parque da Redenção (por Coletivo Preserva Redenção)

Contêiner da Guarda Municipal foi instalado no Parque da Redenção no início de julho | Foto: Rodger Timm/PMPA
Contêiner da Guarda Municipal foi instalado no Parque da Redenção no início de julho | Foto: Rodger Timm/PMPA

Coletivo Preserva Redenção (*)

Constituído por usuários diários do Parque da Redenção, entre outros frequentadores e admiradores, o Coletivo Preserva Redenção acompanhou a instalação de um contêiner, hoje sabidamente destinado ao uso da Guarda Municipal, no espaço do Parque da Redenção desde que as primeiras intervenções na área começaram a ser feitas. Como esperado, a observação cotidiana do processo provocou apreensão crescente, dado ser o parque patrimônio histórico, cultural e ambiental de Porto Alegre, tombado pelo Município desde 1997, e tal obra ser realizada justamente nas proximidades do Monumento ao Expedicionário, igualmente tombado, que é um inegável cartão-postal da cidade, reconhecido nacional e internacionalmente.

O receio de que o objeto interferisse na paisagem e na ambiência do parque, depreciando-as e contrariando o regulamento que protege sítios históricos de sua categoria, se confirmou. Atônitos, redigimos um ofício, que foi encaminhado à Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Urbanismo e Sustentabilidade (SMAMUS), ao Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural (COMPAH) e ao Conselho Municipal do Meio Ambiente (COMAM), solicitando esclarecimentos sobre os fundamentos e justificativas que haviam motivado a intervenção, bem como os potenciais impactos que a colocação do contêiner poderia ocasionar sobre o parque, sua flora, fauna e a circulação de pedestres e desportistas. Como resposta, soubemos que o COMPAHC havia feito um parecer a respeito e que este não havia sido ainda homologado. Contudo, a obra crescia. A seguir, soubemos que o parecer do órgão de proteção do patrimônio público municipal, embora sem poder deliberativo, havia se oposto à colocação do contêiner naquele espaço. Por fim, divulgou a imprensa que tal parecer acabou alterado, por pressão do Executivo, utilizando-se de argumentos insustentáveis.

De início, gostaríamos de esclarecer que nossa indignação diz respeito ao local e não à função da instalação do referido equipamento, que, pelo seu tamanho avantajado e absolutamente destoante da ambiência do parque, muito contribui para desfigurar o desenho do jardim público, maculando seu valor urbanístico. Sendo legítima a solicitação da comunidade por medidas de segurança na região, entendemos que deveriam ter sido escolhidas outras áreas para a instalação do contêiner, como a região do parque próxima à UFRGS, que faz fundos à Reitoria e ao Instituto de Educação, esta sim de reduzida circulação de pessoas e maior risco a sua integridade.

Por isso, o Coletivo Preserva Redenção vem repudiar, principalmente, o caráter autoritário e irresponsável da iniciativa, não embasada em critérios técnicos que respeitem os diferentes interesses envolvidos, entre os quais os urbanísticos e patrimoniais, dando mostra de mais uma ação característica da atual administração municipal, pouco afeita aos preceitos democráticos, e também o seu desprezo pela nossa cultura, nossa história, nossa natureza e nossos direitos cidadãos.

***

As opiniões emitidas nos artigos publicados no espaço de opinião expressam a posição de seu autor e não necessariamente representam o pensamento editorial do Sul21


Leia também