
Após anunciarem a suspensão das consultas e procedimentos cirúrgicos eletivos a partir desta quinta-feira (11), os médicos do Hospital Nossa Senhora das Graças (HNSG) decidiram suspender a paralisação até a próxima segunda-feira (15). A mudança acontece depois do compromisso assumido pela direção do hospital, nesta quarta-feira (10), em repor os estoques de insumos hospitalares em falta e negociar uma previsão de pagamento dos salários e serviços atrasados prestados pelos médicos.
Caso não haja evolução nas pautas, os médicos do hospital afirmam que a paralisação irá acontecer. De acordo com levantamento do Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers), a Prefeitura de Canoas promoveu um mutirão de cirurgias ao longo de 2023 e os procedimentos ainda não foram quitados. Ao todo, são quatro meses atrasados.
Os médicos também cobram o pagamento dos honorários de março e abril. Além dos médicos, outros profissionais celetistas, como enfermeiros e técnicos em enfermagem também estão com os salários atrasados. Os vencimentos dos plantonistas celetistas igualmente estão atrasados há quase 30 dias.
Além do atraso nos vencimentos, os médicos reclamam da falta de insumos básicos para o atendimento de pacientes, como antibióticos, soro, seringas, tubos, cateteres e medicamentos especiais para infartados, AVC e oncologia.
Em reunião com o Simers nesta quarta, a direção do hospital solicitou um prazo para a reposição mínima diária do estoque de insumos. Segundo o diretor-geral do hospital, Luis Linder, e o gerente financeiro, Rogério Votto, a instituição precisa de um prazo para buscar alternativas que possam normalizar os estoques de insumos. A direção do hospital alega que as compras estão sendo realizadas diariamente, com pagamento à vista, devido a difícil situação financeira. Atualmente, o Hospital Nossa Senhora das Graças encontra-se sob intervenção do município de Canoas.
“Não há remédio para reverter parada cardíaca. Falta remédio para tratamento de câncer, falta leito de UTI, falta tubo para entubar pacientes, falta antibiótico. Os médicos estão tendo que receitar o antibiótico que há e não o mais adequado”, explica Daniela Alba, diretora metropolitana do (Simers). “Vidas estão em jogo, e a prefeitura precisa ver a gravidade deste cenário”, afirma.