
Se quisermos realmente uma sociedade mais justa e mais verde, não é possível ignorar as questões de gênero que permeiam o atual modelo econômico, muitas vezes ignoradas ou subestimadas nos planos para o enfrentamento da crise climática. Com esse mote, Tatiane Matheus, jornalista do ClimaInfo, entrevistou dezenas de mulheres que dedicam vida e trabalho para uma sociedade mais justa na ótica social e ambiental. O resultado está no livro “Vozes femininas pela recuperação econômica verde e inclusiva”, disponível para download a partir de hoje, 8 de março, quando se comemora o Dia Internacional das Mulheres.
As entrevistadas têm diversos percursos, cores, origens (social e geográfica), idades e formação. De maneira teórica ou empírica, elas expõem seu conhecimento. “O fio condutor das entrevistas foi a perspectiva de gênero em relação ao racismo ambiental e à justiça climática, considerando problemas estruturais da economia, das políticas públicas, do comércio exterior e até mesmo de temas específicos como saneamento, habitação, mobilidade ativa, energia, entre outros”, explica Tatiane.
Segundo ela, ainda há muitas e distintas vivências interseccionadas no gênero que precisam ser ouvidas e levadas em conta. “O fato é que se quisermos realmente uma sociedade mais justa e mais verde, não é possível ignorar as questões de gênero que permeiam o atual modelo econômico e que são muitas vezes preteridas ou subestimadas nos planos para o enfrentamento da crise climática.”
A publicação foi organizada em parceria pelo grupo de trabalho Gênero e Clima do Observatório do Clima e o Instituto ClimaInfo, organização focada na comunicação da ciência climática e nos debates nacionais e internacionais sobre a mudança do clima, onde a autora é responsável pelos estudos de justiça, equidade, diversidade e inclusão.
“Tatiane Matheus fez um trabalho primoroso ao ouvir mulheres que apresentam tecnologias ancestrais e sociais à ação climática nos territórios do Brasil”, pontua Andréia Coutinho Louback, jornalista e especialista em justiça climática, que assinou o prefácio do livro. “Hoje, o jornalismo brasileiro peca por priorizar números em detrimento das narrativas e vivências como se fosse apenas uma ciência de dados. Historicamente, a articulação para sobrevivência e mudanças estruturais começam na base. O que precisamos é de uma escuta que tenha desdobramentos em políticas públicas sólidas e consistentes. Afinal, novos tempos demandam novas vozes”, observa.
Para marcar o lançamento, na próxima sexta-feira (10/03) ocorrerá uma roda de conversa, com transmissão online, da qual participarão Tatiane, Priscilla Santos, advogada e consultora na área de financiamento e políticas públicas climáticas, Margarita Olivera, professora do Instituto de Economia da UFRJ e coordenadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Economia e Feminismos (NueFem) e Nathália Chaves, coordenadora de Transição Energética e Sustentabilidade na Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha.
Link para acesso à publicação:
https://generoeclima.oc.eco.br/lancamento-vozes-femininas-pela-recuperacao-economica-verde/