
Mensalmente, a Unidade de Regulação Ambulatorial da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre divulga uma tabela mostrando a efetividade da oferta de exames e o número de pacientes na fila de espera. Os últimos dados disponíveis, de novembro de 2022, mostram 96.497 pessoas residentes na Capital esperando o agendamento para a realização de 108.278 exames pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
No mês de novembro, foram realizados 27.182 exames, e 33.389 novos foram solicitados, totalizando uma demanda 22% maior do que a oferta. Dos 31 exames realizados pelo SUS em Porto Alegre, 15 possuem demanda maior do que a oferta.
A ultrassonografia mamária, exame para detectar anomalias nas mamas ou ajudar na detecção de câncer de mama quando a mamografia é inconclusiva, se destaca com uma fila de 18.786 pacientes. Em outubro, a Diretoria de Vigilância em Saúde da Capital divulgou dados que indicam que nos últimos cinco anos o câncer foi a segunda principal causa de mortalidade em mulheres, com 193 casos por 100 mil mulheres. Em idade fértil, o câncer de mama é o responsável pelo maior número de óbitos.
Kátia Dutra dos Santos está esperando, desde abril de 2022, uma endoscopia para sua filha, Alícia, de 13 anos. Segundo a mãe, a menina já precisou ser internada duas vezes por dor abdominal causada pela retocolite ulcerativa, uma doença inflamatória intestinal crônica sem cura que atinge principalmente o intestino grosso. O exame de Alícia é necessário porque ela está no espectro autista e não consegue diferenciar as dores e suas intensidades.
Alícia recebe atendimento no Centro de Atenção Psicossocial da Infância e Adolescência (CAPSi), onde a mãe a leva para consultas pediátricas. Em uma internação, ela foi admitida no Hospital Conceição por dez dias, mas mesmo assim o exame não foi efetuado. Segundo os dados da SMS, a fila para realização de endoscopia digestiva é de 1.982 pacientes. “A gastroenterologista pediu o exame e no mesmo dia deixei o papel na recepção do hospital. Durante a internação, no começo de dezembro, ela estava na lista. Até agora não chamaram”, relata Kátia.
A diretora de regulação ambulatorial da SMS, Denise Tessler Soltof, explica que existem critérios de priorização e gravidade, de acordo com o quadro de cada paciente. Sobre a maior fila de espera para ultrassonografias mamárias e para outros exames com efetividade de oferta negativa, a médica diz que a Secretaria vem fazendo esforços para aumentar a oferta, com contratos com laboratórios privados quando hospitais não dão conta da demanda.
Geralmente, segundo ela, os hospitais aceitam o valor pago pela tabela do SUS para realização dos exames, já laboratórios privados demandam um valor mais elevado. “Em algumas situações, o valor pago pela tabela SUS não é suficiente e, neste caso, a prefeitura precisa complementar o valor para que tenha mais interessados em prestar os serviços”, explica. Para o exame de ultrassonografia mamária, o valor pago pelo SUS é de R$ 24.
Denise reforça que o cadastro do paciente precisa estar atualizado junto à Unidade Básica de Saúde onde é atendido e que fará o contato para o agendamento do exame. “Se não for feito esse contato, a fila segue”, diz. Para acompanhar uma estimativa de quando será realizado o exame, é necessário ter cadastro no sistema 156+POA, pelo site ou aplicativo.