

André Tajes
De Caxias do Sul
Os 333.696 eleitores aptos a votar em Caxias do Sul nas eleições deste ano poderão escolher entre 11 candidatos, número recorde no município. As chapas são lideradas por DEM, MDB, Novo, Patriota, PDT, PL, Podemos, PSDB, PSL, PT e Republicanos. Na eleição de 2016, foram seis chapas: PCdoB, PDT, PSOL, PT, Rede e Republicanos.
A eleição caxiense conta com dois elementos particulares que podem influenciar na decisão do voto do eleitor. O primeiro é o impeachment do ex-prefeito Daniel Guerra (Republicanos) ocorrido no final de dezembro do ano passado. A chapa pura liderada pelo ex-secretário da Saúde, Júlio Freitas, e o irmão do ex-prefeito, Chico Guerra, de candidato a vice, vai explorar o episódio da cassação do mandato. Além disso, o pleito conta com cinco candidatos a prefeito que integraram os governos José Ivo Sartori (MDB), de 2005 a 2012, e Alceu Barbosa Velho (PDT), de 2013 a 2016. Adiló Didomenico (PSDB), Antonio Feldmann (Podemos), Edson Néspolo (PDT), Vinicius Ribeiro (DEM) e Carlos Búrigo (MDB), todos ocuparam cargos de secretários nas gestões passadas.
Outros dois fatores estão presentes nas eleições pelo Brasil afora. O aumento expressivo de candidaturas majoritárias é reflexo do fim das coligações para a disputa proporcional. Para dar visibilidade aos candidatos a vereador no horário eleitoral gratuito de rádio e TV, os partidos decidiram apresentar candidaturas a prefeito. Além disso, haverá uma disputa obstinada pelos 187.051 votos que o presidente da República, Jair Bolsonaro, conquistou no 2º turno da eleição de 2018, em Caxias.

Chapas Bolsonaristas
Fora da corrida eleitoral, Guerra indicou seu ex-secretário da Saúde, Júlio Freitas (Republicanos), e o irmão e ex-chefe de Gabinete, Chico Guerra (Republicanos) para retomar o projeto vitorioso na eleição passada. A chapa também vai atrás dos votos bolsonaristas. No lançamento da candidatura de Júlio, o ex-prefeito elogiou 14 vezes o presidente em seu discurso. A candidatura de Júlio recebeu um vídeo de apoio do deputado federal Bibo Nunes, mas não é unanimidade entre os candidatos a vereadores da sigla. Freitas terá o desgaste de defender a administração Guerra.
O secretário da Habitação e ex-líder do governo Guerra na Câmara de Vereadores, Renato Nunes (PL), rompeu com o prefeito cassado. Em uma manifestação na tribuna no dia da votação do impeachment afirmou que tinha alertado Guerra sobre a forma de governar. No início do ano, anunciou a intenção de concorrer à prefeitura, e também será cobrado pelo apoio a Guerra. Nunes é pastor evangélico, apoiador de Bolsonaro e se orgulha de ter presenteado o então candidato a presidente com um chapéu e manta com as cores do Rio Grande do Sul, na véspera da eleição de 2018.
O empresário Renato Toigo (PSL) concorreu a deputado federal na última eleição e obteve 11.039 votos, sendo 6.075 em Caxias. Ele reivindica laços de proximidade com Bolsonaro, eleito pelo PSL e com o recente ensaio de retornar a sigla. As lideranças estaduais do PSL estão divididas. Toigo conta com o apoio do deputado estadual Ruy Irigaray.
Articulador da criação do Aliança pelo Brasil, partido idealizado por Bolsonaro, Nelson D’Arrigo estreia na política partidária. Além de apoiador do presidente, o empresário articulou a coligação com o PRTB, sigla do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. O deputado Luciano Zucco (PSL) declarou voto a D’Arrigo.

Ex-aliados de Sartori
O ex-vice-prefeito Antonio Feldmann (Podemos) vai encarar sua segunda eleição longe do MDB. Na primeira, para deputado federal pelo PSD, recebeu 4.102 votos em Caxias. Ele aposta no reconhecimento conquistado como vice-prefeito na gestão Alceu Barbosa Velho (PDT). Na eleição municipal passada, Feldmann concorreu a vice ao lado de Edson Néspolo (PDT), mas perderam a eleição.
Vinicius Ribeiro é outro candidato que mudou de sigla em busca de espaço. O ex-vereador e ex-deputado deixou o PDT e se filiou ao DEM, partido liderado no Estado pelo ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni. Ele também deve defender o projeto de Bolsonaro na eleição municipal. Neste ano, Vinicius disputa a eleição contra dois ex-aliados. O primeiro é Néspolo, seu padrinho político, e do qual foi coordenador da campanha na eleição passada. De lados opostos, os dois disputam a mesma faixa de eleitores. E também estará concorrendo contra Búrigo, o candidato de Sartori, que o nomeou secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade.
O ex-braço direito de Sartori, Edson Néspolo (PDT), presidiu a Gramadotur, empresa responsável pelo Festival de Cinema e Natal Luz de Gramado, nos últimos três anos, após a derrota para Daniel Guerra. Néspolo concorre a prefeito pela segunda vez consecutiva. Antes foi vereador em dois mandatos (1992/1996 e 1997/2000), chefe de Gabinete e acumulou diversas secretarias no Governo Sartori. Também presidiu a Festa da Uva, na administração do ex-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT). Néspolo vai defender o turismo como nova matriz econômica da cidade, mas terá que explicar a decisão de trabalhar fora da cidade.
Adiló Didomenico foi eleito para o segundo mandato como o terceiro vereador mais votado no pleito passado com 5.481 votos. Foi presidente da Codeca, empresa responsável pelo recolhimento do lixo orgânico e seletivo, e secretário de Obras, nos governos Sartori e Alceu. Para concretizar sua candidatura, saiu do PTB e assinou ficha no PSDB. Adiló conta com o apoio do deputado estadual Neri, O Carteiro (Solidariedade), mas deverá se defender das medidas tomadas pelo Governo Eduardo Leite (PSDB), como a proposta da reforma tributária, recém retirada da Assembleia.
A militância do MDB nutria a expectativa de ver o retorno do ex-governador José Ivo Sartori à disputa municipal, mas ele abriu espaço para seu braço direito, o deputado estadual, Carlos Búrigo, ex-prefeito de São José dos Ausentes por dois mandatos, secretário da Fazenda na prefeitura de Caxias e secretário estadual de Governo. Apesar da experiência, o ex-governador terá a tarefa de apresentar Búrigo para os caxienses, uma vez que ocupou uma pasta de pouco contato com a população.

Independente
O candidato do Novo é o empresário Marcelo Slaviero, que também faz sua estreia em eleição. Ele defende a independência ao Governo Federal, mas apoia a política econômica de Bolsonaro. Slaviero é filiado ao Novo desde 2015, e foi o primeiro coordenador do Núcleo de Caxias do Sul e coordenador da expansão na Região Nordeste do Rio Grande do Sul.

Oposição
O PT aposta na experiência do deputado estadual Pepe Vargas, único candidato a prefeito de Caxias de oposição ao Governo Bolsonaro. Ele foi prefeito de 1997 a 2000 e de 2001 a 2004 e deputado federal em três mandatos. Também comandou as secretaria de Relações Institucionais e de Direitos Humanos e foi ministro do Ministério do Desenvolvimento Agrário do Governo Dilma Rousseff. O PT comemora a aliança com o PCdoB, a última aconteceu na eleição de 2008 com Pepe e Abgail Pereira. O PSOL também integra a chapa. Os dois partidos de esquerda tiveram candidaturas próprias na eleição passada.
Confira as 11 candidaturas:
- Adiló Didomenico, candidato a prefeito e Paula Ioris, candidata a vice. Ambos do PSDB. Apoios do Solidariedade, PTB e PSC.
- Antonio Feldmann, candidato a prefeito e Odir Ferronato, candidato a vice. Ambos do Podemos.
- Carlos Búrigo (MDB), candidato a prefeito e Elói Frizzo (PSB), candidato a vice. Apoios do Cidadania e Avante.
- Edson Néspolo (PDT) e Édson da Rosa (PP). Apoios da Rede, PV e PROS.
- Júlio Freitas, candidato a prefeito e Chico Guerra, candidato a vice. Ambos do Republicanos.
- Marcelo Slaviero, candidato a prefeito e Cesar Bernardi, candidato a vice. Ambos do Novo.
- Nelson D’Arrigo, candidato a prefeito e Andréia Garbin, candidata a vice. Ambos do Patriota. Apoio do PRTB.
- Pepe Vargas (PT), candidato a prefeito e Cláudio Libardi (PCdoB), candidato a vice. Apoio do PSOL.
- Renato Nunes, candidato a prefeito e Priscila Vilasboa, candidata a vice. Ambos do PL.
- Renato Toigo, candidato a prefeito e Nilvo Bertolla, candidato a vice. Ambos do PSL.
- Vinicius Ribeiro (DEM), candidato a prefeito e Kiko Girardi (PSD), candidato a vice.