
O mês de julho de 2022 registrou o 4° maior número da série histórica de alertas de desmatamento na Amazônia. Dados do sistema DETER, do Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (12), mostram 1.487 km² de alertas no mês passado.
No acumulado de 1° de agosto 2021 a 31 de julho 2022, período em que a taxa anual do desmatamento é medido, os alertas apontaram para uma área total desmatada de 8.590 km², uma pequena queda de 2% em relação ao ano passado. Porém, ao analisar os últimos três anos, durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), foram em média 8.862 km² de alertas por ano, área 65,6% maior do que a média dos três anos anteriores ao início do atual governo.
“O que chamou atenção nos sobrevoos que realizamos neste último ano, além do avanço do desmatamento, é a quantidade de grandes áreas desmatadas em terras públicas não destinadas, em propriedades privadas e até mesmo em áreas protegidas. Isso reitera que o desmatamento da Amazônia não é fruto da pobreza e do desespero de pessoas em situação de grande vulnerabilidade. Trata-se de esquema organizado, patrocinado por grandes proprietários e grileiros de terra que sentem-se protegidos pelo derretimento das políticas de proteção ambiental e combate ao desmatamento que ocorreram nos últimos anos”, afirma Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Dentre os Estados que mais desmataram, destaca-se o Pará, que registrou 3.072 km² (35,7% do total), seguido pelo Amazonas com 2.292 km² (26,7% do total). Apesar da pequena queda no acumulado dos últimos 12 meses, houve seis meses onde o sistema DETER-B de alertas de desmatamento foi recorde desde 2016, ano do início de sua operação.
O Greenpeace desta que, além do atual cenário de destruição ambiental, avançam no Congresso projetos de lei preocupantes, como o PL 2633/2020, que anistia grileiros, e o PL 490/2007, que abre terras indígenas para atividades predatórias. Para a entidade, ambos os projetos acrescentam mais pressão sobre a maior floresta tropical do mundo.
“Ao invés do poder executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima, no combate ao crime que avança na floresta, e que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também a imagem e a economia do país, eles tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas. Nosso País não precisa da aprovação destes projetos, mas sim de uma política que promova um real avanço no combate ao desmatamento, queimadas e grilagem de terras e que defenda os povos da floresta”, analisa o porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.