Antes de posar para a fotografia da reportagem, Everton Sanches pede para colocar a camiseta, ausente devido ao sol forte da tarde de Porto Alegre. O que o vendedor de imóveis não faz nenhuma questão de esconder é o sorriso aberto no rosto ao falar da nova pista de skate da Capital, inaugurada há pouco mais de um mês, às margens do Guaíba.
Morador de Nova Santa Rita, distante cerca de 27 km de Porto Alegre, Sanches costuma vir até cinco vezes por semana para andar na nova pista, sempre acompanhado do filho Luan Trindade, de 10 anos. Depois de ir à escola de manhã, pai e filho se organizam e pegam a estrada para deslizar as muitas rampas e diferentes pistas disponíveis no skatepark.
Com 39 anos de idade, competidor do circuito gaúcho na modalidade Park, Sanches afirma sem pestanejar que o novo local às margens do Guaíba virou ponto de encontro de skatistas da região metropolitana. Moradores de Esteio, Portão, Nova Hamburgo ou São Leopoldo se reúnem diariamente no espaço, que tem sido propagandeado como a “maior pista de skate da América Latina” – exageros à parte ou não, o skatepark tem impressionado os adeptos do esporte que ganhou mais visibilidade após as Olimpíadas de Tóquio deste ano.
Sanches acredita que a inauguração do local e a mídia positiva em torno do skate têm incentivado o pessoal mais jovem a iniciar no esporte, assim como “resgatado” uma turma de mais idade que já não estava mais andando. “Tem uma galera que tinha parado e agora tá voltando. O lugar tá incrível”, exclama.
Estudante da 5ª série, o filho conta gostar de todas as pistas, principalmente do pequeno bowl. Luan conta que a pandemia o fez parar de andar, hábito que tem sido retomado agora desde a inauguração do skatepark – e a desenvoltura do garoto no Park não deixa dúvida.
A pouco metros de distância do pai e filho, na entrada da pista que simula a antiga e tradicional pista do Parque Marinho, Patrick de Barros é outro em estado de graça na tarde ensolarada de terça-feira.
“Pra mim, é como o quintal de casa. A pista é sensacional, a estrutura é top demais”, enaltece.
Conhecido como Break, ele destaca a flexibilidade proporcionada pelo skatepark, capaz de atender diferentes níveis técnicos, desde o iniciante até o profissional. “É um lugar democrático”, define.
Morador da Zona Norte, próximo à Arena do Grêmio, Break coloca o skate na mochila e vai de moto, sempre no período da tarde. “Sou do sol”, comenta, explicando que à noite o clima no local é diferente. O que não muda, ele afirma, é o fluxo. “Não interessa se mora longe ou perto, a galera vem, o acesso é fácil. Tá top a pista!”
Ele enfatiza que o pessoal da faixa etária de 40 anos nunca teve um espaço semelhante para andar de skate em Porto Alegre quando era mais jovem. A nova pista, diz Break, está voltando a empolgar também esse público, inclusive atraindo pessoas de outros estados.
Da Zona Norte à Zona Sul, bastam poucas horas no local para confirmar que a pista tem mesmo atraído praticantes de diferentes bairros. Na área dedicada à modalidade street, um grupo de amigos se reúne, equipados com mochilas, ferramentas, garrafas d’água e muitas peças de skate.
Victor Pereira, de 17 anos, morador da Hípica, vem quase todos os dias ao skatepark. O ônibus sai da Zona Sul da Capital e o deixa em frente ao Shopping Praia de Belas, a poucos metros de distância da pista. Estudante, ele comenta se “agilizar” pra conciliar o estudos com a curtição do skate. “É só se organizar.”
A grande presença de crianças e meninas andando de skate é enfatizada por ele como um dos aspectos mais legais do local. “É muito top!”, comenta, enquanto manipula ferramentas e aperta parafusos montando um skate.
Sentado ao lado, Marcos Zanotelle, de 21 anos, diz morar perto, no bairro Praia de Belas, mas reforça a presença de pessoas das mais variadas localidades. Bem dispostos, em poucos segundos o grupo se junta e posa para fotos, numa animação semelhante a do pai com o filho que vem de Nova Santa Rita ou a de Patrick Break. O sorriso e a satisfação parecem ser a marca dos frequentadores da nova pista de skate de Porto Alegre.
