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18 de junho de 2010
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14:18

Após 10 anos, Estatuto da Igualdade Racial é aprovado no Senado

Por
Sul 21
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Após 10 anos de debates, o Estatuto da Igualdade Racial foi aprovado nesta quarta-feira (16) pelo Plenário do Senado. A votação em regime de urgência atendeu pedido feito pelo senador Paulo Paim (PT-RS), autor do projeto de lei.

A iniciativa de Paim objetivava não deixar o andamento do estatuto se estender ainda mais no Congresso. Foram aceitos os cortes do relator, senador Demóstenes Torres (DEM-GO), que suprimiu do texto a previsão de cotas para negros na educação, serviço público e privado e nos partidos políticos. O texto deixou de fora ainda o ponto que previa a adoção de política pública de saúde exclusiva para a população negra.

Representantes da comunidade negra chegaram a ensaiar um protesto pela manhã durante a aprovação da proposta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O tom contrário deu lugar à receptividade quando ouviram as explicações do autor do projeto, senador Paulo Paim (PT-RS), do ex-ministro da Igualdade Racial, deputado Edson Santos (PT-RJ), e do atual ministro da pasta, Elói Ferreira de Araujo. Segundo eles, embora não seja o ideal, o estatuto retrata 90% dos anseios dos movimentos negros do País.

O ministro e o deputado fluminense asseguram que, ao definir como política pública a implementação de programas de ações afirmativas, o estatuto dará condições ao governo de regulamentar por decreto a adoção de cotas ou outro tipo de bonificação para a população negra.

O relator Demóstenes Torres ainda retirou todas as menções a “raça” do texto, apesar de o termo estar presente no nome do projeto.

Avanços

Entre os pontos aprovados no Estatuto há significativos progressos na afirmação da identidade étnica e na repressão ao preconceito racial. O texto define o que é discriminação racial, desigualdade racial e população negra.

Além disso, o estatuto garante o ensino de história geral da África e da população negra do Brasil nas escolas de ensino médio e fundamental, públicas e provadas.

Veja outros pontos aprovados:

Proíbe as empresas de exigir “aspectos próprios de etnias” para vagas de emprego;

Reconhece a capoeira como prática esportiva e prevê investimentos no esporte;

Reitera o livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana e garante assistência religiosa específica em hospitais;

Pune com multa e interdição páginas na internet que comentam crimes de racismo;

Garante às comunidades quilombolas direitos de preservar costumes sob a proteção do Estado. Além disso, as comunidades terão linhas de financiamento públicas;

Cria ouvidorias em defesa da igualdade racial para acompanhar a implementação de medidas;

Estabelece medidas para combater a violência policial contra a população negra;

Cria incentivo de atividades rurais para a população negra.


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