Cinema
Clarissa Pont
Sentimentos que se misturam
Um novo documentário gaúcho promete. “Sobre sete ondas verdes espumantes”, dirigido por Bruno Polidoro e Cacá Nazario, é um longa metragem sobre a vida e a obra de Caio Fernando Abreu. As filmagens acontecem a partir de julho em vários países europeus, mas também entre familiares de Caio, que são os principais avalistas do filme. A previsão de lançamento é início de 2011.
Segundo Polidoro, o roteiro é poético porque se debruçou sobre os textos de Caio, e não exatamente sobre a vida dele. “Selecionamos trechos que dividimos nas sete ondas do título, os sentimentos que consideramos mais intrínsecos na obra de Caio. São sete partes que se misturam porque sentimentos também não existem sozinhos”, explica.
Amsterdam, Berlim, Paris e Londres são algumas das cidades que a equipe deve percorrer: locais onde Caio viveu e descreveu nas páginas de seus livros. A viagem também servirá para entrevistas com pessoas como o editor alemão Gerd Hilger, com quem Caio manteve extensa correspondência, o tradutor italiano Bruno Persico e com o diretor Patrick Deville.
Música
Amelita em Porto Alegre
Não é fácil amar Amelita Baltar nos primeiros timbres. Na Argentina, inclusive, ela e Astor Piazzolla já foram vistos com receio por tomarem rotas além do tango tradicional. Para Piazolla, Amelita era o instrumento, a voz de que ele se valia para muitas músicas.
Para quem não conhece a cantora, uma rápida espiada na sua interpretação para a clássica Balada para un Loco mostra o quanto a música em castelhano ganha na voz de Amelita. A cantora poderá ser conferida na capital gaúcha em junho.
Sábado 24 de julho de 2010 às 21h00m
Salão de Atos da Ufrgs
Av. Paulo Gama, 110
Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Vinicius Wu
“Toda música vem de Bach; o resto é ruído”
Carlos Drummond Andrade
Comentários a respeito de Bach costumam ser grandiloqüentes. Drummond, portanto, não foi o único. Beethoven o declarou “pai verdadeiro da harmonia”. Hegel definia Bach como o “grande e verdadeiro protestante, robusto (…) o gênio erudito”. O filósofo alemão lamentava o fato de Bach ter morrido sem o devido reconhecimento de seus contemporâneos.
Bach é hoje quase unanimidade, suas obras agradam leigos e especialistas. A música de Bach pode ser ouvida numa refinada sala de concerto ou na sala de espera do dentista. Como não apreciar a belíssima e famosa Ária na corda Sol, da suíte nº 3? Ou, ainda, a não menos conhecida Cantata nº 147 (“Jesus Alegria dos Homens”).
Bach é fruto da Reforma Protestante, que “desacorrentou” a música barroca. Não seria exagero afirmar que Bach não seria possível sem Lutero e a reforma do culto cristão – retomaremos este assunto em outro post.
Obras como O cravo bem temperado são decisivas para compreendermos a música dos séculos que o sucederam. Para Gunther Ramin, Bach “é o começo e o fim de toda a música; é a síntese de toda a música que o precedeu e é, sem dúvida, a chave para toda a música que veio depois”. Exagerado? Creio que não…
O fato é que as obras de Bach emocionam, tocam profundamente a alma e nos conduzem a uma experiência singular de elevação espiritual através da música. Exagerado? Então ouça atentamente as duas obras selecionadas (Ária na Corda Sol da Suíte nº 3, BWV 1068, e a segunda parte de seu Concerto para dois Violinos), feche os olhos e tire suas próprias conclusões.