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20 de julho de 2010
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14:48

Israel envolve-se em imbroglio kafkiano

Por
Sul 21
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Milton Ribeiro

Tratar-se-ia de uma situação kafkiana? Antes de morrer, Franz Kafka legou todos os seus manuscritos ao amigo Max Brod com uma ordem: que os destruísse. Brod não o obedeceu, legando assim à humanidade uma das maiores e mais intrigantes obras já escritas. Tais fatos ocorreram em 1924, há 86 anos.

Depois, Brod foi viver em Israel, tendo levado consigo os manuscritos. Quando faleceu, deixou a obra de Kafka para sua secretária Esther Hoffe, que morreu há três anos e que havia depositado, em 1956, os papéis do autor de A Metamorfose sob a guarda do banco suíço UBS. Por ordem judicial, os papéis e desenhos de Kafka foram retirados ontem das caixas-fortes para análise, em função de um inesperado litígio judicial entre as herdeiras dos documentos – Ruth e Eva Hoffe, filhas de Esther – e o governo de Israel, que os reinvindica pelo fato de Kafka ter nascido no seio de uma família judia.

Segundo autoridades israelenses, a obra – que inclui os manuscritos originais de Um Médico Rural e da célebre Carta ao Pai – deveria ficar na Biblioteca Nacional de Israel. A questão é discutível, pois a obra passa ao largo da condição judaica do autor e este vivia em Praga, cidade checa de forte influência alemã.

Curiosamente, a questão foi levantada pelas próprias filhas de Esther Hoffe, quando estas tentaram confirmar judicialmente seus direitos sobre a herança. O estado de Israel considera-se o legítimo herdeiro da obra, alegando que as mesmas foram retiradas do país por Esther de forma clandestina.


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