

Samir Oliveira
A terceira edição do Conexões Globais, que ocorrerá de sexta-feira (24) a sábado (25) na Casa de Cultura Mário Quintana, em Porto Alegre, trará, dentre outros painéis, um debate sobre soberania digital e vigilância na era da internet. A discussão terá como participantes o jornalista e editor do site Outras Palavras, Antônio Martins; o sociólogo e pesquisador na área de cibercultura, Sérgio Amadeu; e o coordenador da campanha para concessão de asilo no Brasil a Edward Snowden, David Miranda.
O tema ficou de fora da última edição do evento, em maio de 2013, quando ainda não haviam sido divulgados os casos de espionagem por parte do governo dos Estados Unidos, através de sua Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês). Atualmente, o debate ganha corpo após as denúncias de que a Casa Branca teria acessado comunicações pessoais de diversos cidadãos ao redor do mundo, inclusive de governantes como a presidenta Dilma Rousseff e a chanceler alemã Angela Merkel.
As informações obtidas pelo ex-analista da NSA Edward Snowden foram divulgadas inicialmente pelo jornalista britâncio Glenn Greenwald. O brasileiro David Miranda, companheiro de Glenn, chegou a ser detido durante horas no aeroporto de Londres, acusado de terrorismo, porque as autoridades acreditavam que portava material repassado por Snowden.

Antônio Martins, que também participou do último Conexões Globais, avalia que esses episódios recentes demonstram que a internet deve ser encarada “em seu caráter extremamente ambíguo”: através do aspecto horizontal e libertador, mas também através das possibilidades de dominação e controle existentes através da rede.
“Essas revelações sobre espionagem demonstram que se não houver luta social e política intensa nas instituições, não somente com hackers, a internet pode virar do avesso, ao contrário de tudo que sempre desejamos”, acredita.
Para o jornalista, além das pressões de chefes de Estado sobre a Casa Branca, a opinião pública – impulsionada por informações divulgadas nas redes – teve papel central no episódio. Na semana passada, o presidente Barack Obama anunciou uma série de modificações inéditas nos serviços de inteligência do país. “A capacidade dessas denúncias de queimar o filme dos Estados Unidos é muito grande. O país era visto como um lugar de liberdade na internet. Hoje em dia, não existe mais essa imagem, mas, sim, a imagem de um país que vigia”, analisa.
Na edição deste ano, a programação do Conexões Globais conta com seis painéis principais, chamados de Diálogos Globais. Além disso, o evento terá onze oficinas e contará com dez espetáculos em sua programação cultural. As informações sobre a programação e inscrição para oficinas podem ser conferidas no site do Conexões Globais.