Felipe Bornes Samuel – SecomRS

O governador Tarso Genro participou nessa sexta-feira (28), na Capital, da I Conferência Estadual do Povo de Terreiro do Rio Grande do Sul. O principal objetivo do encontro – que se encerra no domingo (30) – é propor um programa de implementação de políticas públicas para as populações de ascendência africana e criar um conselho estadual do povo de terreiro. Ao defender políticas públicas voltadas às religiões originárias da matriz cultural africana, o governador afirmou que, no passado, os povos de terreiros sofriam com a clandestinidade.
Recebido por 350 delegados, Tarso ressaltou a importância dos povos de terreiros e disse que o Estado vai aprofundar o diálogo com o grupo. “Essas religiões sempre foram segregadas, sempre foram identificadas como religião dos oprimidos, dos explorados, dos excluídos dentro da história do nosso Brasil”. O governador ainda defendeu o respeito à diversidade religiosa: “Em épocas não muito distantes da história brasileira, os terreiros eram invadidos e as religiões de matriz africana não podiam se expor publicamente, eram religiões clandestinas”.
Coordenadora estadual do comitê do povo de terreiro, Sandrali de Campos Bueno destacou que apesar de ser uma instância provisória, o comitê tem como principais atribuições sugerir e propor políticas públicas para o povo de terreiro. No Estado, são 65 mil casas de terreiro. “Somos sociedade civil, mas somos uma parcela que muitas vezes fica alijada do processo das políticas públicas. Isso (o congresso) é uma conquista, é uma vitória para o Rio Grande do Sul, para o país. Somos pioneiros em fazer uma conferência de povo de terreiro e os primeiros a construir um comitê”, afirmou Sandrali.
O secretário-geral de Governo, Vinicius Wu, explicou que o encontro tem um valor simbólico importante e vai servir para dar continuidade ao trabalho do governo em busca de afirmação da igualdade. Wu lembrou que a conferência é resultado de dois anos de diálogo com as representações das religiões de matriz africana no Estado. “Esse é um momento de afirmação de um compromisso do Governo do Estado com a igualdade, com o respeito à diversidade religiosa do país e também o reconhecimento das religiões de matriz africana como parte constitutiva da cultura do RS”.
Conforme o coordenador da Rede Nacional de Religião Afro Brasileira e Saúde (Renafro), Baba Diba de Yemonjá, o congresso é uma iniciativa inédita. “É um momento histórico não só para o povo de terreiro do Rio Grande do Sul, mas do Brasil, porque é um povo que sai da ‘invisibilidade’ e passa, a partir de agora, a fazer parte da agenda do Governo do Estado, apontando diretrizes de forma qualificada, diretrizes políticas para a dignificação do nosso povo”.