
Débora Fogliatto
Os estudantes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) que ocupam o prédio da Reitoria da instituição desde quarta-feira (14) vão discutir na noite desta sexta-feira (16) a resposta recebida às suas reivindicações. A administração da universidade encaminhou documento com ponderações sobre os 41 pontos listados em carta enviada pelos alunos no dia seguinte à ocupação.
Por enquanto, a ocupação acontece por tempo indeterminado, com cerca de 30 pessoas durante o dia, número que aumenta à noite. De acordo com os estudantes, entre 80 a 90 pessoas dormiram nas barracas dispostas pelo primeiro andar da Reitoria, no Campus Central, na quinta-feira. A circulação é livre dentro do prédio.
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O estopim para a ocupação foi a invasão de policiais da Brigada Militar no campus da Escola de Educação Física, no dia 19 de abril. Os estudantes também criticam a universidade por não atender diversas reivindicações relacionadas à Casa do Estudante, aos restaurantes universitários, assistência estudantil, paridade representativa nos conselhos, segurança e infraestrutura.
Na resposta enviada aos alunos, a maior parte das reivindicações aparecem como em processo de resolução pela administração. Ao primeiro item, a garantia de não ter repercussões penais ou cíveis aos estudantes que ocupam, foi respondido que isso acontecerá caso haja a garantia de desocupação “imediata e ordeira, sem danos ao patrimônio”.

Outra exigência dos estudantes foi um posicionamento em favor da retirada das acusações aos quatro alunos e um segurança acusados no dia da invasão da BM, ao que a reitoria respondeu que as denúncias foram transferidas para a jurisdição federal e que “a universidade acompanhará o desenvolvimento do inquérito de forma solidária aos estudantes e ao segurança”. A administração também afirmou: a iluminação dos campi está sendo revitalizada; o novo RU do Vale “foi concebido com layout e equipamentos que permitirão o oferecimento de opção vegetariana”; a Casa do Estudante tem algumas obras sendo realizadas.
A Ocupação também tem pautas em comum com a que acontece na Faculdade de Direito e com a greve da Associação de Servidores (Assufrgs), cujos membros foram na assembleia dos estudantes e os convidaram para ir à reunião da greve. “Os dois grupos querem o fim da contratação de funcionários terceirizados. É uma questão da defesa dos direitos dos trabalhadores, porque terceirização é precarização”, explicaram os membros da comissão de comunicação.
A próxima assembleia vai acontecer na noite desta sexta-feira (16), às 21h. A Ocupação recebe a ativista do Stop the Wall Maren Montovani, para a roda de conversa sobre a parceria da UFRGS com a empresa israelense Elbit. Segundo a nota divulgada pelo movimento, a universidade “possui um infame acordo militar com a empresa de segurança israelense Elbit para a produção satélites militares. É inadmissível que a academia seja utilizada para a produção de conhecimento aos mercadores da morte, que lucram milhões com a promoção do genocídio palestino”.

Ocupação do Direito completa 12 dias
Na Faculdade de Direito, a ocupação permanece forte, não tendo sido enfraquecida pela da Reitoria. Neste sábado (17), os estudantes organizam o Barracas Abertas, que aconteceria simultaneamente ao Portas Abertas, promovido pela universidade. O evento oficial, no entanto, foi cancelado na faculdade devido à ocupação.
Os estudantes pretendem ficar pelo menos até o próximo dia 21, quando ocorre a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) a respeito do concurso que eles pedem a anulação. No dia 7 de maio, o CEPE postergou a decisão, devido a um pedido de vistas de dois professores do Direito, William Smith Kaku e Augusto Jaeger Júnior. O processo enfrenta diversas irregularidades denunciadas por estudantes e por dois professores da banca.
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Assufrgs em greve
Os funcionários da UFRGS estão em greve há mais de um mês, reivindicando melhores salários, mudanças na data-base, paridade nas representações universitárias e carga horária de 30 horas. Eles também pedem mais segurança e melhores condições de trabalho nos campi durante a noite, além de também serem contra terceirizações.
“Fizemos um ato no Campus do Vale, com queima de pneus e cartazes nas partes mais visíveis, na terça-feira. Ontem, fizemos uma marcha até a prefeitura”, contou Maria de Lourdes Oliveira Ambrósio, coordenadora de aposentados da Assufrgs. A greve segue por tempo indeterminado, mas os funcionários vão ser recebidos pelo governo federal, em Brasília, no dia 22.
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