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22 de maio de 2014
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16:29

Eleições no CPERS: Chapa 2 defende busca de recursos junto ao governo federal para pagamento do piso

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Helenir Oliveira é a presidente da Chapa 2, CPERS Unido e Forte | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Samir Oliveira

Maior sindicato do Rio Grande do Sul, o CPERS reúne os professores e funcionários de escola da rede pública estadual e tem protagonizado, ao longo dos anos, diversas mobilizações em defesa destas categorias. Nos dias 10 e 11 de junho, os 81.892 sócios com direito à voto poderão escolher quem comandará a entidade pelo próximo biênio.

O Sul21 dá continuidade, nesta quinta-feira (22), a publicação de uma série de entrevistas com as presidentes das quatro chapas que disputam a liderança do CPERS. As reportagens estão sendo publicadas nos dias 20, 22, 27 e 29 de maio, respeitando a ordem numérica das chapas – começando com a 1 e finalizando com a 4. Foram feitas as mesmas cinco perguntas para todas as candidatas.

Leia mais:
– Eleições no Cpers: Chapa 1 defende mais atenção a aposentados e funcionários de escola
– Eleições no CPERS: Chapa 3 defende reorganização interna para atrair a categoria e massificar mobilizações
–  Eleições no CPERS: Chapa 4 defende que a base escolha como serão aplicados os recursos do sindicato

A Chapa 2, “CPERS Unido e Forte“, defende que a categoria se mobilize pela aprovação do Plano Nacional de Educação (PNE), que poderá destinar até 10% do PIB para a área, e pela aplicação de 75% dos recursos dos royalties do petróleo em educação. O grupo deseja que essas verbas sejam usadas por governadores e prefeitos para o pagamento do piso nacional do magistério – garantido por lei aprovada em 2008 no Congresso Nacional, mas ainda descumprido pela maioria dos governantes.

Integrantes da Chapa 2: CPERS Unido e Forte
Presidente: Helenir Aguiar Oliveira
1º Vice-presidente: Solange da Silva Carvalho
2º Vice-presidente: Luiz Veronezi
Secretário Geral: Edson Rodrigues Garcia
Tesoureiro Geral: Ida Irma Dettmer
Diretores(as): Alda Maria Bastos Souza, Ananda de Carvalho, Antônio João Ferreira de Lima, Cássio Ricardo Ritter, Ênio Manica, Glaci Weber Medeiros, Íris de Carvalho, Mauro João Calliari, Rosane Teresinha Zan, Sônia Solange dos Santos Viana

Confira abaixo a entrevista com a presidente da Chapa 2, Helenir Oliveira

“Se o governo não tem dinheiro para honrar o compromisso com esta lei, estamos apontando duas fontes novas de recursos”

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“A greve de vanguarda foi o movimento mais pelego que a nossa direção já fez” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Sul21 – Quais são as principais propostas da chapa?
Helenir Oliveira – Nossa principal proposta é buscar o piso no plano de carreira. Para isso, temos duas fontes que queremos carimbar para pagar o piso dentro do plano. Uma delas é a partir de 2015, com os royalties do petróleo, com 75% para a educação. Temos que fazer toda mobilização para carimbar este recurso, ou parte, dele para que seja pago o nosso piso. E também estamos acompanhando a votação do PNE (Plano Nacional da Educação), com 10% do PIB para a educação – que seria outra fonte de recurso. Se o governo não tem dinheiro para honrar o compromisso com esta lei, nós estamos apontando duas fontes novas de recursos para que seja cumprida a lei do piso. Outra proposta é a questão pedagógica. A direção atual abandonou a discussão pedagógica. Tivemos a mudança no Ensino Médio e as escolas se sentiram órfãs de direção para poderem se apropriar da proposta ou da forma de encaminhar ou lutar por mudanças. A única ação que a nossa direção fez foi queimar cartilhas. Fez atos de rua, mas não fez proposta e discussão pedagógica para nos dar um suporte para podermos enfrentar essas mudanças. Nossa proposta é reestruturar as comissões de educação, tanto nos núcleos como na direção central, para que sejam discutidas pedagogicamente todas as propostas e para que seja oferecido suporte pedagógico à categoria quando necessário. A terceira é a questão de abolir a greve de vanguarda. A greve de vanguarda foi o movimento mais pelego que a nossa direção já fez, porque uma greve onde a categoria não é chamada só fortalece o patrão e derrota a categoria. E hoje, andando pelo estado, temos essa percepção do descrédito da nossa entidade por causa dessas políticas equivocadas que a nossa direção atual – representada tanto na Chapa 1, quanto na Chapa 3 – fez.

“Somos uma direção do diálogo e da negociação, independente de que governo for”

Sul21 – Qual deve ser a postura do sindicato em relação ao governo?
Helenir – Nossa postura em relação a qualquer governo será de sentar na mesa e negociar. Acreditamos no diálogo para avançar. Conversaremos e dialogaremos, sempre comunicando e informando a nossa base. A negociação se dá no processo de sentar na mesa com o patrão e informar a categoria para que ela esteja se apoderando de toda a discussão. Isso, no acúmulo, vai preparando a categoria no momento de fazer uma ação mais forte para a gente poder avançar. Somos uma direção do diálogo e da negociação, independente de que governo for. Somente quem não tem firmeza na sua posição é que tem medo de sentar e dialogar. Temos firmeza do que queremos, da pauta que a nossa categoria aponta, por isso sentaremos e dialogaremos com qualquer governo.

Sul21- Qual a sua posição a respeito da lei do piso nacional do magistério, da política de reajustes salariais do atual governo e da reforma do Ensino Médio?
Helenir – A lei do piso existe, não está sendo cumprida e vamos lutar para que seja cumprida, inclusive disputando recursos novos, que daí não vai ter mais a questão de o governo não ter dinheiro.

Nós reconhecemos que o governo – desses últimos governos – foi um dos que realmente reajustou em maior nível nosso salário. Nossa crítica é que a direção do CPERS não soube avançar. Qualquer sindicalista sabe que o patrão te oferece uma proposta esperando que venha uma contraproposta. Como a nossa direção nunca disputou nada, com certeza poderíamos ter avançado mais. O que tivemos foi que o governo deu. Não tivemos mais porque a nossa direção não teve capacidade para isso.

“A nossa direção só queimou cartilha e apelidou uma palavra muito chula, chamando de politreco”

 | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Temos firmeza do que queremos, da pauta que a nossa categoria aponta” | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

O politécnico foi uma mudança radical no Ensino Médio. A nossa crítica foi ao método de implantação do governo. Achávamos que deveria ter tido preparação dos professores para essa mudança, o que não aconteceu. Tivemos algumas modificações na proposta inicial. As escolas conseguiram mostrar ao governo que deveria ter algumas modificações. Por exemplo, na proposta inicial de 25%, 50% e 75% dos seminários, que fossem nossa distribuição de carga horária, acabou mudando. Mas mudou porque as escolas comprovaram ao governo que deveria haver essa mudança. Novamente criticamos a direção do CPERS, que não fez nada, sequer a discussão com a nossa base. A nossa direção só queimou cartilha e apelidou uma palavra muito chula, chamando de politreco. Novamente uma direção que não disse a que veio, fez apenas uma coisa: enfraqueceu e fragilizou a nossa entidade.

Sul21 – Como a senhora avalia as últimas greves promovidas pelo sindicato, pelo menos desde 2011?
Helenir – Foi um fracasso, porque um sindicato que não ouve a sua base. É uma direção onde a questão político partidária é o central e que tem como objetivo maior única e exclusivamente desgastar um governo. É óbvio que seria um fracasso. A categoria dizia uma coisa, mas a direção pensava e fazia outra. Quando não há uma direção que escute a sua base, está fadada ao fracasso, que foi o que aconteceu. Temos o reflexo disso agora nas escolas. O descrédito que conseguiram produzir na nossa categoria é algo inimaginável. Eu nunca tinha visto, em 32 anos de CPERS, a nossa categoria tão pra baixo, desanimada e desesperançosa.

“Eu nunca tinha visto, em 32 anos de CPERS, a nossa categoria tão pra baixo, desanimada e desesperançosa”

Sul21 – Qual a composição política da chapa?
Helenir – Fico muito feliz que conseguimos uma ampla aliança. Das correntes sindicais, temos professores que militam na Articulação Sindical, na Articulação de Esquerda Sindical e na CSD. São diversos grupos que fazem parte do PT. Temos também professores da CTB – além da CUT -, que é formada pelo PCdoB e PSB. Temos professores do PDT que estão na chapa, e do PTB que estão nos núcleos, compondo. Pouco mais do que 30% da nossa chapa estadual não tem vinculação partidária. O que nos unificou foi a nossa proposta do sindicato na questão salarial e estadual.


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