
Samir Oliveira
Pré-candidato do PMDB ao governo estadual, o ex-prefeito de Caxias do Sul, José Ivo Sartori, sinalizou apoio ao modelo de gestão de presídios através de parcerias público-privadas (PPPs) no Rio Grande do Sul. A ponderação foi feita na noite desta terça-feira (10), em participação no programa Conexão RS, da Ulbra TV. O peemedebista foi entrevistado por jornalistas da emissora, do portal Terra e do Sul21 durante uma hora. O programa, que pode ser conferido, na íntegra, no YouTube, foi exibido ao vivo às 18h e transmitido através dos canais 21 da NET e 48 da antena UFH.
Ao ser questionado sobre a situação do Presídio Central de Porto Alegre, o peemedebista disse acreditar que existe “um caminho alternativo” e “outras formas de trabalhar essa questão das penitenciárias”. Sartori não afirmou, de forma contundente, que implementará o modelo de presídios privados no estado, caso seja eleito. Mas sinalizou com simpatia a essa ideia, dizendo que a considera “positiva, séria e responsável”. “Já existem iniciativas em alguns estados, em que há a questão da parceria público-privada. Já existiu aqui em Canoas, com o prefeito Jairo Jorge. Tem em Santa Catarina, no Paraná e em outros lugares. Acho que isso também é uma alternativa positiva, séria, responsável e que tem que ser bem avaliada”, comentou.
O modelo de gestão privada dos presídios tentou ser implementado no Rio Grande do Sul durante o governo de Yeda Crusius (PSDB). A tucana firmou uma parceria com o prefeito de Canoas, Jairo Jorge (PT), para a construção de um presídio com capacidade de abrigar até 3 mil detentos. A obra, estimada em R$ 160 milhões, seria bancada pela iniciativa privada. Em troca, o investidor receberia a gestão sobre a penitenciária e um repasse mensal do governo no valor de cerca de R$ 2,7 mil por preso, durante 27 anos.
Atualmente, o projeto se modificou e não prevê mais gestão da iniciativa privada no presídio. O governador Tarso Genro (PT) resolveu tocar a obra, que ainda está sendo executada, com recursos púbicos – através de financiamento do BNDES.
Cautela nas respostas

Cauteloso e bastante reservado, José Ivo Sartori evitou se comprometer de forma veemente com alguns temas e procurou se desviar de algumas polêmicas. Suas respostas deixaram claro que o tom de sua campanha será o de se ancorar em seus dois mandatos de gestão à frente da prefeitura de Caixas do Sul, onde deixou o governo com índices positivos de aprovação.
Em todo momento, Sartori elencava exemplos de sua administração municipal para dar pistas sobre o que poderia fazer no governo do estado. O peemedebista disse, por exemplo, que não existe uma Secretaria da Fazenda na cidade, mas, sim, uma Secretaria da Receita e uma Secretaria de Gestão e Finanças. Ele entende que esse formato “permite controlar, planejar e ter clareza das finanças”.
Sobre o pagamento do piso do magistério – lei que ainda não é implementada no estado -, Sartori comentou que “lei é para ser cumprida”, mas que é preciso “saber em que condições e como ela vai poder ser paga”. Questionado sobre como faria para pagar o piso aos professores, o pré-candidato apenas disse que “ninguém pode gastar o que não arrecada” e que “um gestor tem que saber que, em primeiro lugar, tem que fazer o equilíbrio das suas contas”.
Pedágios e Conselhão
José Ivo Sartori foi questionado sobre dois órgãos criados pelo governador Tarso Genro: o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES-RS) – conhecido como Conselhão; e a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR), responsável pela gestão dos antigos pedágios privados.
Sobre o Conselhão, o peemedebista disse entender que ele precisa ser mantido. Já, a respeito da EGR, ele preferiu não transmitir uma opinião 100% definida, apesar de salpicar algumas críticas à alternativa adotada pelo governo petista.
“Essa é uma avaliação que precisa ser feita. O próprio governo do estado acho que ainda nem tem clareza sobre a situação da empresa que ele mesmo criou. O que a gente nota é dificuldade nas rodovias”, manifestou.

Em seguida, disse que “ninguém está aqui para mudar ou alterar o procedimento porque era um governo que estava ali” e pontuou a necessidade de se “avaliar e analisar muito bem” esse assunto.
Para Sartori, a EGR “tem que funcionar, tem que estar presente no processo”. O pré-candidato criticou a atribuição da responsabilidade sobre as ambulâncias nas rodovias aos municípios. Mas entende que a empresa pública “é lei, foi aprovada”. “Vai caber muito estudo e uma avaliação muito profunda”, resumiu.
Questionado sobre o modelo de pedagiamento privado implementado pelo ex-governador Antonio Britto (PMDB), Sartori preferiu falar sobre alternativas que vislumbra no cenário nacional. “Acredito que algumas mudanças nacionais em relação a isso já mostraram que é possível manter pedágios mais baratos. O governo federal, através das concessões que fez, já estabeleceu uma abertura e uma possibilidade. O problema é saber se a sociedade topa, deseja e aceita que uma concessão possa ser feita por um longo tempo”, argumentou.
Palanque nacional e aliança com PSB
O pré-candidato do PMDB irá concorrer em aliança com o PSD, o PSB, o PHS, o PSL, o PSDC e o PTdoB. Nacionalmente, os peemedebistas referendaram, em convenção nacional, o apoio à candidatura da presidenta Dilma Rousseff (PT), mantendo o cargo de vice nas mãos de Michel Temer.
Entretanto, no Rio Grande do Sul, o PMDB optou por apoiar o pré-candidato à presidência da República Eduardo Campos (PSB), ex-governador de Pernambuco. Questionado sobre o tema, Sartori frisou que não se trata de uma posição pessoal sua, mas, sim, da maioria do partido, que, através da convenção estadual, acordou o apoio a Campos.
“Não fui eu (que decidiu apoiar Campos), foi a pré-convenção do PMDB, com a postura que apresentamos e levamos mais de 72% da pré-convenção. Já estava clara nossa postura e nossa linha”, recordou.
Sartori entende que o PMDB gaúcho deveria adotar uma postura de independência. “Tínhamos que ter uma posição independente. Depois da pré-convenção, deixei de falar sobre isso. É a primeira fez que estou falando. O PMDB tinha decidido, pela sua Executiva, que o nosso foco era a disputa no Rio Grande do Sul”, comentou.
Qualificando o governo Dilma como “um governo que tem lá suas dificuldades, teve seus problemas e seus grandes acertos”, José Ivo Sartori declarou que não poderia subir no palanque da petista no Rio Grande do Sul. “Evidentemente que não posso fazer isso, seria incoerência da minha parte, porque minha postura, minha linha e convicção sempre foi no sentido… Não é a questão da Dilma, não tenho nada contra a presidenta. Mas temos a posição do PMDB do Rio Grande do Sul”, resumiu.
Ele lembrou que em outros dez estados no país o PMDB não adotará um alinhamento em relação à aliança nacional com o PT. Por isso, acredita que não haverá interferência do diretório nacional na direção gaúcha. “Há mais de dez estados que também têm uma posição como o PMDB tem no Rio Grande do Sul. Fica muito claro que não vai haver nenhuma interferência do diretório nacional em relação à postura que o PMDB do Rio Grande do Sul sempre teve verticalmente”, manifestou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista de José Ivo Sartori ao programa Conexão RS