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26 de junho de 2014
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19:33

Reunião na Câmara de Vereadores cobra melhorias no serviço de aluguel de bicicletas Bike PoA

Por
Sul 21
sul21@sul21.com.br
Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Caio Venâncio

Com menos de dois anos de funcionamento e ainda em caráter experimental, o serviço de aluguel de bicicletas Bike PoA já contabiliza mais de 400 mil viagens realizadas e cerca de 100 mil pessoas cadastradas.

Apesar do sucesso da iniciativa, os usuários do serviço criticam aspectos como, por exemplo, a falta de manutenção das bicicletas. Na manhã desta quinta-feira (26), na Câmara de Vereadores, audiência pública da Comissão de Direitos Humanos, Defesa do Consumidor e Segurança Urbana (Cedecondh) debateu o assunto.

Com a presença de ativistas ligados ao ciclismo, representantes da EPTC e das empresas responsáveis, o encontro apontou itens que devem constar na licitação do serviço, que será publicada em 2015 e começa a ser elaborada no início do próximo semestre.

Membro do coletivo Mobicidade, cuja pauta principal é o estímulo ao uso de bicicletas como meio de transporte, Marcelo Guidoux vê no BikePoA um avanço na discussão de mobilidade na cidade de Porto Alegre. Entretanto, ele indica que o sistema deve ser aperfeiçoado. “Há muitas bicicletas com pneus carecas ou furados e correias soltas. Achamos que o telefone de contato do serviço, por onde é possível alugar as bikes sem ter um smatphone com o aplicativo baixado, deve ser um número 0800, pra que mesmo aqueles não têm saldo no celular possam usar. Além disso, os horários de funcionamento devem ser expandidos: atualmente, o jovem não pode ir com essas bicicletas pra balada”, criticou. Hoje, é possível alugar as bicicletas das 6h até as 22h.

Gerente de Projetos e Estudos de Mobilidade da EPTC,Antônio Vigna| Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Gerente de Projetos e Estudos de Mobilidade da EPTC,Antônio Vigna| Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Coordenador de projetos especiais da Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC), o urbanista Antônio Vigna explicou que muitas das mudanças sugeridas pelas pessoas presentes na Audiência só poderão ser de fato exigidas quando o serviço for licitado, o que deve ocorrer no próximo ano. Ainda funcionando em caráter experimental, o Bike PoA não pode, por exemplo, ter mais estações do que as 40 atuais, conforme havia sido previsto em 2012, quando a tecnologia entrou em operação. Enquanto isso, as sugestões vão sendo ouvidas, recolhidas e, dentro das possibilidades, solucionadas.

A prioridade da EPTC, na área do ciclismo, conforme Vigna, é concluir a Rede 1 de ciclovias, que integraria os bairros Centro, Bom Fim, Menino Deus, Cidade Baixa e Cristal. Como parte do projeto, uma nova via exclusiva para bicicletas deve ser implementada nos próximos dias entre a avenida Ipiranga e a Praça da Encol. Nesta quinta-feira, às 19h, no Colégio Santa Cecília, a iniciativa vai ser apresentada aos moradores do bairro e aos ciclistas em geral. A partir da Rede 1, o aumento do número de estações do BikePoA viria na sequência, segundo Antônio. “A expansão das ciclovias é como um jogo de War, é conquista de espaço. Quando a ciclovia chega, o carro não retorna mais àquele ponto. Tendo a Rede 1, daí sim acreditamos que vai ser o momento de aumentar o BikePoA, levá-lo a mais lugares, deixar as estações abertas por mais tempo. Vai ser uma revolução no trânsito de Porto Alegre”, imagina.

Marcelo Guidoux, do Mobicidade|Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Marcelo Guidoux, do Mobicidade|Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21

Gerente de operações da Sertel, empresa que opera o BikePoA, Vagner da Rosa fez coro ao que disse Antônio Vigna e confirmou que, hoje, não é possível aumentar a disponibilidade de horários pois esta é uma questão contratual. Portanto, a mudança nesse aspecto só viria com a licitação no ano que vem. O mesmo ocorre com outras sugestões, como as bicicletas adaptas para deficientes físicos, o envio de mensagem de texto para alertar o usuário sobre o horário em que o veículo deve ser devolvido.

Os vereadores presentes na Audiência também aproveitaram o espaço para fazer questionamentos sobre o serviço. Após as explicações dos responsáveis pelo serviço de que duas equipes trabalham todos os dias na manutenção das bicicletas, a vereadora Fernanda Melchionna (PSOL) indagou as razões de porque mesmo assim os relatos de reclamações de usuários continuarem por aí. “As pessoas continuam reclamando de bicicletas com pneus furados, carecas, correias soltas”, lembrou.

Diante das perguntas e opiniões sobre o quanto os atuais 10 reais cobrados pelo uso mensal do serviço custeiam as despesas e o quanto é cabe à publicidade do banco Itaú, Alberto Kopittke(PT) reforçou a necessidade de, a partir do edital de licitação, instituir a transparência no serviço de aluguel de bicicletas. “Nos ônibus isso já motivou discussões e protestos. Com as bicicletas, o modelo já deve nascer transparente”, afirmou.

Um conselho dos usuários do BikePoA deve ser criado em breve, conforme foi determinado na audiência. Para o vereador Marcelo Sgarbossa (PT), o debate em torno do edital da licitação do serviço é primordial. “Quando a tecnologia surgiu, em 2012, foi de modo experimental, não tínhamos dados nem indícios de como isso funcionaria na prática. Agora, a situação é outra, e a construção desse edital deve ser coletiva, pautada pelo diálogo”, acredita.

 

 


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