
Ana Ávila
A candidata à presidência pelo PSB, Marina Silva, evitou, na noite desta terça-feira (23), comentar a última pesquisa Ibope, que amplia a vantagem de Dilma Rousseff. Marina também não quis falar sobre uma possível aliança com o tucano Aécio Neves no segundo turno. Tanto na entrevista coletiva, concedida no Hotel Plaza São Rafael, no centro de Porto Alegre, quanto no comício na Casa do Gaúcho, a candidata disse que vem sofrendo com o “marketing selvagem” de seus adversários, que a apontam como “a exterminadora do futuro”.
Questionada, Marina não comentou a última pesquisa Ibope, divulgada nesta terça, que amplia a diferença entre ela e Dilma Rousseff. De acordo com o levantamento, Dilma passou de 36% para 38% das intenções de voto, enquanto Marina caiu um ponto, de 30% para 29%. A socialista também se negou a dizer se o candidato do PSDB, Aécio Neves, seria bem-vindo como apoiador em um eventual segundo turno. “O segundo turno se decide no segundo turno”, se limitou a declarar.

Segundo a candidata do PSB, Dilma e Aécio estão unidos para derrotar seu projeto de governo. “Eles estão aliados porque não têm programa”, afirmou. Marina fez menção a uma “onda verde”, em referência aos milhões de votos que recebeu em 2010, quando foi candidata à presidência pelo Partido Verde. “Agora é uma onda verde e amarela, a verdadeira pororoca”, disse sobre o atual momento, dentro do PSB.
Marina se disse feliz e tranquila e criticou o “marketing selvagem” dos adversários. De acordo com ela, Dilma e Aécio a apontam como alguém que vai destruir o país. “A Dilma me apresenta como exterminadora do futuro para disfarçar o extermínio que está fazendo do presente”, afirmou.
Cúpula do Clima
A socialista também fez críticas à participação da presidente Dilma Rousseff na Cúpula do Clima da ONU, que acontece em Nova York. De acordo com a socialista, “o Brasil fez o único discurso preso ao passado”, citado conquistas que não se deram no seu governo. Marina também considerou lamentável a presidente não ter assinado o acordo sobre a proteção das florestas. “Todos os grandes países florestais assinaram o acordo, e Dilma não o fez”, disse.
Embora a pergunta fosse dirigida à Marina, foi Beto Albuquerque quem respondeu sobre a antecipação na escolha de nomes para integrar o Executivo que já estaria ocorrendo dentro do PSB. “Não há consenso nestas escolhas durante a eleição”, disse ele, ressaltando que foi uma decisão do presidente da sigla, Roberto Amaral, mas que é uma medida que pode aguardar. “A prioridade é o processo eleitoral”.
Homenagem de Gilberto Gil

Na Casa do Gaúcho,o discurso de Marina foi antecedido por um vídeo exibido em um telão em que Gilberto Gil cantou uma música em homenagem a ela. Após agradecer a festa e pedir votos para seus companheiros de coligação, a candidata entrou no tema da renovação política. “Renovação não depende de idade. Ética, dignidade, competência não envelhecem, serão eternamente jovens na figura de Simon”, disse ao ex-companheiro de Senado.
Para Marina, seus adversários “estão apavorados com o movimento que tomou conta do Brasil e que vai aposentar a velha república”. A candidata ressaltou seu tempo inferior no programa de TV e campanha supostamente menos dispendiosa.
Como vem repetindo desde o início da campanha, Marina garantiu que pretende “governar com os bons”. “Pessoas boas existem em todos os partidos”. Segundo ela, isso significa ter ao seu lado nomes como Simon, do PMDB. Ela disse ainda que seriam bem-vindos Cristovam Buarque, do PDT, e Eduardo Suplicy, do PT.
Sobre temas polêmicos, como religião e casamento gay, Marina preferiu falar apenas superficialmente. “Nós respeitamos a diversidade. Temos um Estado laico, onde todos devem ser protegidos. Respeitamos todos, independente da religião, da cor, da opção sexual”, afirmou Marina, que encerrou o evento em Porto Alegre dizendo que quer ser a primeira mulher negra presidente do Brasil.
Simon
Aos gritos de “Simon, guerreiro, do povo brasileiro”, o candidato ao Senado foi o primeiro a falar no comício que reuniu militantes da coligação O Novo Caminho Para o Rio Grande na Casa do Gaúcho. Simon traçou uma linha do tempo desde as Diretas Já até a atual campanha política. Na opinião dele, os últimos partidos a governar, PSDB e PT, fizeram coisas positivas e negativas.
“Dilma, no início, parecia que iria fazer um bom governo, tirou ministros corruptos”, disse ele, para em seguida opinar que a presidente “se acovardou”, diante da pressão. Apontando Marina como a única opção para o país avançar, Simon concluiu: “Ou é a Marina, ou é o caos. Ou é a Marina, ou é a desmoralização das instituições desse país”.

Sartori
O candidato ao governo do Estado falou sobre a importância da alternância no poder e afirmou que “é muito perigoso 12 anos do mesmo governo”, em referência aos mandatos do PT na presidência da República.
Sartori também convocou os militantes a irem para as ruas na reta final da campanha a fim de mudar o Rio Grande do Sul e o Brasil. Ao final, fez um apelo: “Me deem a oportunidade de chegar ao segundo turno que eu sei como ganhar e governar”, disse ele.
Beto
Dizendo ser uma promessa à Marina, o candidato a vice-presidente começou seu pronunciamento entoando o hino do Estado, no que foi seguido por aqueles que acompanhavam o comício na Casa do Gaúcho.
“Estamos em um Estado onde o povo aprende, desde cedo, a honrar sua história”, criticando em seguida o que chamou de “cotas para os direitos e reivindicações” do Rio Grande do Sul junto ao governo federal. Beto lembrou os problemas enfrentados para pagar a dívida pública do Estado e garantiu que, caso ele e Marina sejam eleitos, “o Rio Grande do Sul será tratado com respeito”.

Segundo Beto, ele e Marina têm sofrido duros ataques dos principais adversários. “Aécio e Dilma não concorrem a presidente, concorrem a Pinóquio”, afirmou, listando programas do governo federal como o Bolsa Família e o Bolsa Escola com os quais se comprometem em manter, caso sejam eleitos. Para o socialista, parte das críticas são resultado de sua chapa ser a única, segundo ele, que apresentou um programa de governo. O candidato lembrou ainda Eduardo Campos, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto, “Eduardo não morreu em vão. Ele está aqui hoje, nos dando energia”.
Beto também comparou sua dupla com Marina àquela integrada por Juscelino Kubitschek e João Goulart. Segundo o candidato, Marina, assim, como o ex-presidente mineiro, é uma líder com visão de futuro, que olha além de seu tempo. Já ele próprio, é gaúcho como Jango.